por Meire Tchitose Sanabe
OKINAWA SOBÁ
Prato emblemático da ilha, consiste em uma sopa com caldo a base de porco servido com macarrão, panceta de porco, kamaboko, cebolinha e gengibre em conserva (beni shoga). Existem variações quanto a espessura do macarrão, tipo de carne servida (costela, lombo, pé de porco, etc) ou outros toppings (fatias de omelete, broto de bambu, alga marinha, etc).
A pesar de se chamar sobá, o macarrão não é feito de farinha de trigo sarraceno (soba-ko) como no resto do Japão. Em Okinawa, ele é feito de farinha de trigo devido a influência chinesa também na culinária. O Okinawa Sobá é muito mais parecido ao lamen chinês que ao Sobá Japonês. A Câmara de Comércio Japonês estipulou que o termo sobá só pudesse ser utilizado em macarrao com pelo menos 30% de trigo sarraceno na sua composição e por isso, o Okinawa Sobá deveria trocar o seu nome. Devido a pressão popular e a contextualização histórica, concedeu-se uma exceção e o Okinawa Sobá tornou-se oficialmente um prato representativo da Província. Tão grande é a importância desse prato que em 17 de outubro de 1997 foi declarado o Dia do Okinawa Sobá.
Aquí no Brasil, os imigrantes okinawanos que foram ao Mato grosso do Sul introduziram esse prato que logo caiu no gosto popular. A receita sofreu adaptações locais e a importância do prato para a Cidade de Campo Grande é tanta que no dia 18 de julho de 2006 foi tombado como Patrimonio Imaterial pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
GOYÁ CHAMPURU
Goyá, Nigauri, Nigagori ou Melão de São Caetano é o principal ingrediente desse Prato. Pouco conhecido no Brasil, este legume da familia das Cucurbitáceas (Abóboras, abobrinhas e pepinos) se caracteriza pela sua cor verde, protuberancias no seu exterior e o sabor bastante amargo.
Champuru no idioma okinawano significa misturado. Na culinária, podemos traduzir como refogado “mexidão”. Goyá Champuru além do goyá, pode levar tofu, bacon, atum, frango, Spam (a carne processada e enlatada) e os temperos variam desde somente sal e pimenta até shoyu, hondashi, sakê, katsuo bushi, missô e óleo de gergelim.
Dizem que um dos segredos da longevidade dos Okinawanos esteja nesse prato, pois o Goyá é rico em vitamina C e B9, possui ação cicatrizante, anti-reumática, hipoglicemiante, antibiótica, antiviral, anti-diabética, adstringente, depurativo, insecticida, laxativo e purgativo.
RAFUTE
A maioria dos brasileiros ao se depararem pela primeira vez com o Rafute, certamente pensam “ai, meu colesterol!”. Mas não se enganem, o preparo da barriga do porco em cozimento lento faz com que ela tenha pouco colesterol e seja rica em colágeno. Temperado com shoyu, Awamori (aguardente de Okinawa), açúcar mascavo e gengibre, fica extremamente macia e derrete na boca!
UNBUSSÁ
Unbushi, Iricha, Kushikabu, Nishime, Okazu e tantos outros nomes! Esse cozido aquí no Brasil é conhecido por ser servido em todas as ocasiões importantes das famílias okinawanas, desde Ano Novo e Casamentos até missas. Assim como as várias maneiras de nomeá-lo, também são vários os ingredientes que vão nele. Os principais são nabo desidratado (kushikabu), konnyaku (tipo de gelatina de batata konjac), raíz de bardana (gobo), alga kombu, cogumelo shiitake e uma proteína, que pode ser carne de porco ou frango (ou os dois). O tempero inclui shoyu, mirin, sake, hondashi (katsuo bushi), sal, açúcar, gengibre.
Cada obá (vó) tem sua maneira de prepará-lo, seja cortando os ingredientes mais finos ou mais grossos, usando porco ou frango, amarrando ou não o kombu em nozinhos, assim como dobrar o konnyaku como um lacinho. Esse prato traz toda a identidade da família e representa a união das pessoas em torno da refeição preparada com muito carinho.
TACO RICE
Talvez um dos pratos típicos mais recentes. Após o termino da Segunda Guerra Mundial, Okinawa foi território americano ocupado entre 1945 e 1972. Até hoje, existem muitas bases militares e a influência americana na ilha é bastante visível. O Taco Rice é uma delas.
Em 1984, o Sr. Matsuzo Gibo teve a ideia de fusionar a culinaria japonesa ao tex-mex tão apreciado pelos soldados americanos. Preparou carne moída e a serviu sobre uma cama de arroz (gohan). Por cima, colocou alface e queijo fatiados finamente, tomate e salsa picante. A combinação fez grande sucesso e agradou tanto os soldados como os okinawanos. E hoje, não se pode dizer que visitou Okinawa sem ter provado esse delicioso prato.
Esse conteúdo foi um projeto em parceria do Urizunkai (Círculo de Ex-bolsistas de Okinawa), OishiiSa! (Culinária de Okinawa) e Além do Sushi
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